O encontro de cúpula que reuniu 119 chefes de Estado não se restringiu às duas semanas de Copenhagen, na Dinamarca. Há dois anos vinham ocorrendo reuniões preparatórias em todo o mundo, que teriam seu desfecho na COP15, previsto como o mais importante encontro mundial do tema de todos os tempos. Dessas discussões, se consolidou a pauta para ser consagrada resolutivamente entre os dias 7 e 18 de dezembro de 2009.
Para a grande Conferência, foram definidos cinco eixos para concretizar o acordo de Copenhagen: a visão compartilhada, que pretendia a corresponsabilização mundial e comum em torno da necessidade de que a temperatura global não aumentasse além de 2ºC; a mitigação, com a definição de que ao mundo urge reduzir ao menos 40% de suas emissões de CO2, sobre os inventários de 1990; a adaptação, que permitiria ajuda financeira aos países pobres, com aporte de recursos de um Fundo Internacional do Meio Ambiente, abastecido por verbas provenientes de paises historicamente poluidores e, hoje, considerados desenvolvidos; o financiamento, de valores próximos a 140 bilhões de dólares por ano, até o ano de 2020, para financiar a adaptação e mitigação dos paises em desenvolvimento e pobres; e a transferência de tecnologia, para que mundialmente houvesse a acessibilidade a processos considerados limpos.
Tecnicamente a agenda estava adiantada, faltando o texto final a ser assinado por todos os mandatários mundiais, seguida de um foto que emolduraria consensualmente o acordo.
Porém, a nosso ver, três foram as razões de fundo para que a reunião de cúpula acabasse em fracasso. Em primeiro lugar, os países que se industrializaram há 250 anos, com o advento da revolução industrial não aceitam mudar seu estilo de vida, ao mesmo tempo em que os paises emergentes querem chegar ao mesmo patamar, seguindo processos que também degradam e poluem. Por outro lado, os países ainda não perceberam que não são ilhas, ao não aceitar protocolos de comum verificabilidade, entendendo que isto violaria o princípio da soberania. Ou seja, um país desconfia do outro. A terceira razão, é que ninguém quer pagar a conta, os ricos que já destruíram seu habitat natural estão amarrados as suas mega-corporações econômicas, enquanto que os que ainda não chegaram ao patamar de primeiro mundo, entendem que devem receber e não pagar para reduzirem suas cotas de poluição, tendo inclusive, em muitos casos, dado a perceber que se os outros enriqueceram poluindo e destruindo, agora os demais também possuem este direito.
De Copenhagen ficaram dois marcos: o primeiro, é que o desenvolvimento sustentado não se sustenta quando pesam os fatores econômico e político. Os grandes chefes se renderam às pressões que envolvem dinheiro. Tiveram coragem de botar muito, muitíssimo dinheiro para enfrentar a bolha imobiliária que se abateu sobre o mundo de agosto de 2008 a meados de 2009, mas não tiveram sensibilidade vital para contribuir pela manutenção da vida. O verde do dinheiro sobrepujou largamente o verde da vida. O outro marco que ficou foi o dos ativistas que, em número superior a cem mil, gritavam Hopenhagen, que traduz a esperança ambiental, e não Copenhagen, que não se desvencilhou de amarras ultrapassadas.
Prezado Wenzel,
ResponderExcluirHá uma cadeia "revolucionária" que necessita ser compreendida.
Até hoje, a voz do povo emana mas não manda. Espera-se muito de um povo que recebe "bolsa-esmola" e não se pode esperar nada de um povo assim, que é sustentado pelas migalhas sem ter objetivo algum, salvo ir buscar sua esmola do governo federal periodicamente.
Considerando que para mudar o ambiente, deveriamos ter leis maiores e mais eficazes, seriam estas leis constitucionais, para que não haja tanta discussão uma vez que da outra ponta, por sensibilizaçãõ, seria e é, muito complicado de se realizar, levaria muito tempo, tempo este que nem sei se temos.
Porem para mudar esta constituição e ensejar um novo estado, pois aproveitariamos para mudar muitas outras coisas, necessitamos do dono da constituição, ou seja, o povo. O mesmo povo que citei acima. Aquele que recebe a esmola e paga com voto que por sua vez é a procuração, para quem o sustenta com esmola, que o habilita mudar o estado. Qual a chance disto ocorrer? Está aí formado o circulo vicioso que só será quebrado realmente quandoo houver uma revolução. Estou aqui falando em revolução pacifica, ordenada, coerente e com objetivos claros evidentemente, mas acredito que só uma revolução cria um novo estado este estado.
Forte abraço, desculpe o tamanho do texto.
Daniel Rigon
Prezado geólogo: Fantástica a ideia de um blog na área ambiental. Embora muitos espaços na internet, como sites, também discutem e apresentem o tema, a sua iniciativa só enriquece uma área que terá cada vez mais importância na sobrevivência do planeta. Como cidadã e jornalista, com certeza, darei uma passada por aqui para ler a sua opinão sobre o que and ocorrendo com o mundo verde que nos rodeia. E Copenhagen deixou a desejar mesmo. Falou mais alto o poder econômico e político. Em compensação, sobram sugestões da sociedade civil, de ONGs, que buscam uma solução para o despedício da água e da energia, a devastação das florestas, o abandono dos animais. Isso tudo passa por educação, conscientização, e essa questão só pode ser alcançada com o empenho diário de autoridades, especialistas, comunidade em geral. Um abraço e sucesso! Claudia Chiquitelli/Jornalista
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