Com o comprometimento da captura do camarão, a situação dos pescadores da Lagoa dos Patos, na Região Sul do Estado, exige atenção especial. São em torno de 11 mil pessoas que vivem da atividade de pesca artesanal. A questão vai além desse problema que se reflete diretamente na sobrevivência dessas famílias. Passa inicialmente pelo meio ambiente e no reflexo de nossas ações.
As chuvas que caíram sobre o Rio Grande do Sul em 2009, com temporais, destruições de pontes, lavouras e estradas, fizeram com que a água do mar pouco adentrasse à lagoa, evitando a salinidade suficiente para a entrada e desenvolvimento do camarão. Ao se observar a Lagoa dos Patos, veremos sua forma alongada, que recebe as águas do sistema Guaíba ao Norte e do Camaquã a Oeste e sua comunicação com o oceano ao Sul.
Ou seja, em sua área de 9,8 mil quilômetros quadrados, estendidos por 220 quilômetros e a uma largura média de 33 quilômetros se tem o resultado do que praticamos em grande parte do RS. A Lagoa dos Patos não deixa de ser um espelho daquilo que fazemos na vasta área que tem sua drenagem direcionada para ela.
Portanto, uma lavoura, aparentemente distante da lagoa, que tem suas terras levadas pelas enxurradas, influiu na qualidade da água. O mesmo vale para os esgotos não tratados das cidades. Não se pode analisar a lagoa somente por suas águas, mas é preciso levar em conta seu substrato e as interações que ali sucedem. Interações que envolvem ambientes formados por dunas, campos, matas, banhados e outras lagoas. Impressionam os conjuntos florestais, como os butiazais ali desenvolvidos, bem como a diversidade faunística que pode ser percebida a todo instante. O Sistema da Lagoa dos Patos é um monumento natural da biodiversidade, tão pouco conhecido.
A Lagoa é muito sensível às mudanças climáticas e suas consequências. Tanto as águas continentais quanto as marítimas afetam o seu sistema, incluindo as atividades humanas, denotando a complexidade do processo aquático-terrestre. Se há um problema a ser resolvido junto aos pescadores que garantem sua sustentação com a pesca do camarão e que nesta safra terão dificuldades, igualmente se torna evidente o quanto precisamos avançar no conhecimento desse único e vasto sistema hídrico de interface continente-oceano. Pesquisas que ali se desenvolvem precisam ser valorizadas e expandidas, para o bem dos pescadores, de todos nós gaúchos e da humanidade
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