quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Tráfico de animais silvestres: Quanta crueldade!

Lamento profundamente que ainda há tráfico de animais. A reportagem publicada hoje (4) em jornal da Capital gaúcha mostra aves, inclusive filhotes, transportadas clandestinamente em caixas de papelão sem furos para respirar, localizadas em uma cidade do interior. Isso tudo em um Rio Grande do Sul com temperaturas beirando os 40°C.

E como ficam os animais que não são surpreendidos nessas desumanas condições? Impõe-se uma questão: Se há tráfico de animais silvestres é por que alguém os compra.
(foto ilustrativa)
Quanto sofrimento dessas aves! Quanta crueldade humana!

Reproduzo aqui trecho do livro Ecologia Real ou Utopia Ambiental? (Inclusão Criacional – Além do Desenvolvimento Sustentado), de minha autoria, publicado pela Editora Instituto Padre Reus, e que foi adaptado de crônicas divulgadas no jornal Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul, de 1992 a 2000. “Conheci uma elefanta de 38 anos de idade. Pesava 4.700 quilos. Encontrei-a pela primeira vez amarrada pelo tornozelo esquerdo a uma corrente presa a um toco de eucalipto. Sua pele ressequida, encardida em dobras não disfarçadas, deixava à mostra a sujeira encrustada pelo corpo volumoso e marrom-acinzentado. Seu dorso respingado de velhos pêlos falava de tempos já distantes. Seus olhos bordados por uma mancha escura e úmida acompanhavam a tromba que balançada num sacolejar sem fim do corpo enorme, preso a um frágil cepo cravado num chão que não o seu. Brenda, a domadora, nos informa que Simbad (era este o nome da elefanta), nascera no Quênia, na distante África, sofrida, seca, enlutada, esbulhada. Uma África de muita miséria e berço de Simbad. Aos poucos foi se aglomerando mais e mais gente e Simbad, até ali impassível, já não se continha. Aos brados de ‘Stop Simbad, Stop Simbad!’ Brenda foi afastando a elefanta, sem deixar de feri-la com o estoque. Aqueles mesmos dois olhos estavam ali, perdidos na enorme cabeça, úmidos e encharcados. Senti nitidamente que Simbad lembrava o Quênia, esquecido, longe e bem. Quantos somos como Simbad: perdidos, arrancados de nossas origens, assustados com o futuro, excluídos e ansiosos da inocência perdida?”

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