domingo, março 21, 2010

Ativistas criam energia limpa com lixo eletrônico

Com um pouco de conhecimento, inventividade e muito lixo eletrônico, um grupo de ativistas desenvolveu um gerador de energia elétrica, que produz energia limpa em comunidades afastadas. Um dos principais "ingredientes" desse gerador artesanal são os ímas de neodímio encontrados em discos rígidos descartados.
Computadores são, hoje em dia, objetos altamente substituíveis. Os baixos preços e a necessidade de cada vez mais performance e desempenho para executar sistemas operacionais recentes faz com que o tempo entre a troca de computadores seja menor. Em empresas, a vida útil de um desktop costuma ser de apenas 3 anos. No entanto, mesmo que você mantenha o seu PC funcionando por mais tempo, uma hora ele ficará tão obsoleto que se tornará puro material de descarte. Um dos grandes problemas, inclusive, é a falta de política s para a reciclagem destes equipamentos.

Recentemente, a Universidade de São Paulo (USP) criou um centro de reciclagem para computadores antigos, o Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática, mas a princípio ele funcionará apenas para a reciclagem intra-universidade. Em breve a USP promete que materiais oriundos de outros locais também poderão ser enviados ao CEDIR.

Enquanto as soluções oficiais não são suficientes para dar conta de tanto lixo eletrônico, um grupo de ativistas decidiu resolver parte do problema com as próprias mãos - e, de quebra, usou o material descartado para resover ainda outro. Com um bocado de paciência, alguns materiais elétricos, um punhado de ferramentas, muitos HDs quebrados e uma ex-bicicleta, eles desenvolveram um equipamento capaz de gerar energia elétrica suficiente para manter lâmpadas e tomadas funcionando.

Apesar de bastante rústica, a engenhoca obtém energia elétrica a partir de corrente induzida magneticamente, gerada por energia cinética. Parece complicado, mas não é: ímãs de neodímio, que são encontrados dentro de HDs, são presos a uma superfície circular, de dimensões semelhantes às de uma roda de bicicleta; depois, pequenas bobinas de fios de cobre são presas em outra superfície circular, fixa e de mesmo tamanho. Ao fixar uma das placas e colocar a outra para girar (presa a uma roda de bicicleta, que por sua vez é colocada em movimento por meio de uma roda d¿água), cria-se um gerador de corrente contínua, o chamado dínamo, muito parecido com seus primos comerciais, vendidos em lojas a preços não muito amigáveis.

O equipamento feito de material reciclado e lixo eletrônico é capaz de gerar cerca de 12V contínuos, a mesma tensão usada em baterias de automóveis. Um banco de baterias é continuamente recarregado pela engenhoca e, por sua vez, é conectado a um inversor em 110 V de corrente alternada ¿ o que permite usar lâmpadas e eletrodomésticos comuns.

Os ímãs de neodímio, usados no gerador artesanal, são muito mais poderosos que os ímãs tradicionais de ferrite. A título de comparação, um ímã de neodímio do tamanho de uma moeda de 25 centavos é capaz de sustentar uma peça de metal de cerca de 10 quilogramas. Eles inclusive podem machucar a valer: um cidadão descuidado ao mexer com ímãs de neodímio perdeu parte do dedo indicador na brincadeira.

Para dar continuidade ao projeto, o grupo pede doações de HDs antigos, quebrados ou queimados para aproveitar os ímãs de neodímio. O pr ocesso é artesanal e a eficiência dos geradores é baixa, mas dá conta do que se propõe. O grupo, que ainda não possui um nome nem site próprio, documentou em vídeo todo o processo em seu canal do YouTube, disponível pelo atalho tinyurl.com/p2rca-gerador. Para doar HDs usados, bem como para entrar em contato com o grupo, basta mandar um email para p2rca@yahoo.com.br.


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