Geólogo, professor, administrador, homem público, cidadão do mundo. A multiplicidade de afazeres de José Alberto Wenzel poderia sugerir elementos de amarração para um enredo singular. E certamente vem dessa fecunda vivência o fermento que instiga esse intelectual forjado na ciência – desde sempre leitor de clássicos e de filósofos – a se exercitar na literatura. Hoje, a partir das 20 horas, na Livraria e Cafeteria Iluminura (Borges de Medeiros, esquina com Marechal Floriano), Wenzel lança mais um romance, o seu segundo, Asas Douradas.
O livro surge sob o selo do Instituto Padre Reus (IPR), em 111 páginas, e hoje estará sendo comercializado ao preço promocional de R$ 19,00, com direito, naturalmente, a um autógrafo. Posteriormente, a obra ficará à disposição nas livrarias, a R$ 25,00. Na oportunidade em que apresenta ao público sua mais recente experiência ficcional, Wenzel também oferece a primeira reimpressão de seu romance de estreia, Migalha Inteira (igualmente sob a marca do IPR), cuja primeira edição é de 2007 e se encontrava esgotada. Exemplares desse volume, de 115 páginas, igualmente serão vendidos a R$ 19,00 no lançamento e no mercado estarão por R$ 25,00.
Sem dúvida, é instigante o fato de Wenzel, que cumpre agenda lotada no serviço público e na esfera política, demonstrar tamanha energia e disponibilidade para, em paralelo, conduzir uma carreira de escritor. Asas Douradas, concluído nos últimos três anos, configura seu quarto livro. Anteriormente, assinou Ecologia Real ou Utopia Ambiental (pelo IPR), com uma proposta teórica; e no início deste ano o volume Pampa Verde – Ecologia: Ruptura, Método e Síntese, com um olhar crítico sobre o comportamento ambiental da sociedade contemporânea.
Em Asas Douradas, a exemplo do que havia ocorrido em Migalha Inteira, sobressai a personagem feminina, na condição de uma agricultora de meia-idade. Quando o marido fica paraplégico, ela assume as rédeas na condução dos trabalhos na propriedade. Em uma região rural dedicada ao cultivo do tabaco, a família é a única a se dedicar a outras fontes de renda, no caso a produção de frutas desidratadas e de mel, o que confere a esse núcleo um papel diferenciado em ambiente de monocultura. Vários sinais e elementos no cotidiano da comunidade passam a se tornar balizadores de uma nova leitura da realidade, sob a luz também de componentes míticos e dos hábitos e dos costumes da população.
POR ESCRITO – Natural de Cerro Largo, mas radicado em Santa Cruz desde muito novo, aos 58 anos o capricorniano Wenzel ostenta biografia que impõe respeito. Formado em Geologia, tem especialização em Geologia do Petróleo (foi durante muitos anos funcionário da Petrobras, tendo se deslocado para diversas regiões do País) e em Química. Posteriormente, cursou mestrado em Desenvolvimento Regional na Unisc, em cuja instituição atuou como professor.
Foi vereador, prefeito de Santa Cruz, secretário de Estado do Meio Ambiente e secretário-chefe da Casa Civil do governo gaúcho. Atualmente, além de funcionário concursado da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Wenzel atua como assessor especial da governadora Yeda Crusius. Viaja muito, interage com personalidades estaduais e nacionais, toma decisões.
Dessa trajetória, recolhe ingredientes que mescla e amarra em sua ficção. E encontra nisso imenso prazer. “Alimento o sonho de poder me dedicar exclusivamente à pesquisa e à literatura”, revela. Enquanto esse dia não chega, faz malabarismos. Nas viagens, carrega consigo bloco e caderno onde anota o que lhe vem à mente. Em casa, uma vez que costuma dormir relativamente cedo, reserva a madrugada, das duas às cinco horas, para escrever. E afirma: só quem de tempos em tempos consegue fugir da pressão do dia a dia, por meio da viagem ou da dedicação à leitura e às reflexões, exercita a imaginação e, por extensão, a arte. “Do contrário, a pessoa é apenas cumpridora de agendas, de formalidades. Quem não sai da realidade factual, da rotina, terá sérias dificuldades para ser criativo.”
Diante desse pressuposto, Wenzel valoriza sobremaneira a literatura, em seu entender a válvula de escape para um engessamento tecnicista ou científico. “A técnica é importante, claro, mas ela não satisfaz. Basta ver que hoje vivemos em um mundo altamente tecnificado, mas isso não significou felicidade ou preenchimento dos anseios pessoais.” Uma frase sintetiza a filosofia de Wenzel: “O que muda o mundo é o pensamento”.
Bem por isso Asas Douradas é uma contribuição na tarefa (gloriosa) de fazer o povo pensar. E pensar, é bom lembrar, é a forma de mudar o mundo, porque começa por mudar o olhar da pessoa sobre o mundo, permitindo voar mais alto.
Jornalista: Romar Belingin - http://bit.ly/b9NcYV
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