quinta-feira, março 04, 2010

Paraísos Ecológicos: Estação Ecológica do Taim

A vida no paraíso



Escuta-se o grito ao longe: é alto e estridente. O do macho corresponde mais ou menos a tahã, enquanto o da fêmea é mais compreensível -- tahim, tahim.

Tachã, é a sua denominação geral. Embora alguns digam que os primeiros exemplares migraram do Uruguai, esta teoria não tem unanimidade. Essa ave, pouco maior que uma galinha, mas imponente e arisca, é da própria região. Dos banhados do Taim, cuja denominação teria se originado do grito da fêmea.

A outra versão para a origem do nome desses banhados vincula-se a seus antigos ocupantes, os índios. Contam as lendas que havia uma deusa, de nome Itaí, que, popularizado, terminou se transformando em Taim.

Cadeia Alimentar

A Estação Ecológica do Taim é estratégica para o equilibrio ambiental em todo o continente. Os seus banhados são utilizados para alimentação e reprodução de aves tanto do Hemisfério Norte quanto do extremo-sul da América. Veja por que aves de vários pontos do continente procuram o Taim:

O lôdo, limo e algas dos banhados e lagoas, servem de alimentação para um caramujo conhecido como pomácea. Este caramujo, por sua vez, serve de alimento para diversas aves, como o marrecão, que vem, a exemplo do cisne-do-pescoço-preto, dos lagos gelados da Patagônia. E também a alguns mamíferos.

As aves, que também se alimentam de pequenos peixes das lagoas e até dos filhotes de capivaras e ratões do banhado (caso do gavião carcará), servem, por sua vez, de alimento para outros animais, entre os quais o gato palheiro, graxaim, mão-pelada, que disputam o mesmo espectro de animais com outros carnívoros, como o furão, zurrilho, jacaré-do-papo-amarelo, os gaviões cara-cara, chimango do mangue e com o corujão e a coruja branca de igreja, entre outros.

As Aves do Taim


Com seus ecossistemas muito equilibrados, o Taim é, em todo o sul do país, um dos lugares mais importantes para a preservação da flora e da fauna do continente.

Num cadastramento realizado nos anos de 1985 e 1986 pelas Universidades Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e de Santa Maria e a Fundação Zoobotânica, verificou-se que vivem em seus banhados e campos ao menos 211 aves, das quais 50 migratórias. Dessas, 10 procediam do sul do continente, entre flamingos, marrecas, passarinhos diversos, o gavião cinza e o cisne-do-pescocó-preto.

Do Hemisfério Norte (Canadá e Estados Unidos), procediam 27: falcão peregrino (que percorre longas distâncias pelo mundo afora), diversos maçaricos, gaviões e a marreca colorada, além de tesourinhas e cinco espécies de andorinhas.

Foram encontrados ainda 59 répteis, incluindo jacarés (sendo mais popular o do papo amarelo), cobras, lagartos e minhocões; 26 anfíbios (sapos, rãs, pererecas e outros); 37 mamíferos, como as capivaras ou capinchos, ratões, preás, gambás e outros roedores; e mais 50 variedades de peixes.

Os peixes do Taim

O peixe-rei, jundiá, viola, um tipo de tainha que somente ocorre na lagoa Mangueira, que chega a ter quinze quilos; e a traíra, que chega a cinco e seis quilos (um peso excepcional para um peixe como esse), são os principais peixes do Taim.

Como é uma região sem nascentes de águas (as águas das chuvas são escoadas para as lagoas através dos banhados e canais das fazendas), na época da piracema alguns tipos de peixes como o curimatá, branca ou tambico (carnívoro e que come os demais), lambaris e algumas traíras, sobem os canais por onde a água das chuvas ou das lavouras de arroz é escoada para as lagoas, e terminam morrendo nos campos, onde os banhados acabam.

Por algumas vezes tentou-se colocar esses peixes em sacos, devolvendo-os às lagoas, mas o resgate foi inútil, porque o processo era repetido. A seleção natural, nesses casos, tem como instrumento o próprio instinto que procura assegurar a sobrevivência da espécie; esses peixes fazem a piracema, subindo a correnteza até as nascentes, para exercitar-se, procurando amadurecer a ova antes de seu lançamento nas águas, para o nascimento dos alevinos. Como não existem nascentes, eles ficam presos nos banhados rasos, como se estes fossem uma rede. Somente alguns conseguem voltar, e outros procriam nas próprias lagoas, o que garante a grande piscosidade de suas águas.

Os capões

Embora predominem os campos e os banhados, também existem no Taim alguns capões de mata natural e de eucaliptos. Nesses capões, a vegetação de maior porte é acompanhada de orquídeas, bromélias, líquens, musgos, além de fruteiras como o araçá, pitanga e a figueira.

Pássaros pequenos, como o príncipe, cardeal e a pomba, vivem ali, onde o graxaim e as cobras também fazem suas tocas e procriam.

Outros animais, como o gato do mato, percorrem essas áreas. Infelizmente, onde se vê muito gato do mato, uma espécie em extinção, é na beira da rodovia asfaltada BR-471, que liga Rio Grande ao Chuí: mortos, atropelados pelos carros, que normalmente passam em alta velocidade.

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