* José Alberto Wenzel
Aos 44 anos de idade, já para o final do ano de 1970, o bem sucedido engenheiro agrônomo José Lutzenberger rompe com sua trajetória numa empresa internacional e se torna uma ativista ambiental. Lutzemberger se atira por inteiro na proposta ecológica, que iria assumir contornos dificilmente imagináveis na época.
Anteriormente, personalidades como Roessler, Rambo, e tantos outros, haviam feito uma precursoria alertadora. Seguiu-se uma fase que pode ser considerada de gerenciamento ambiental. Neste período, que perdura até hoje, foram solidificados órgãos de gestão ambiental, os regramentos e normatizações tiveram um incremento substancial, foram definidos fluxos e processos de fiscalização e licenciamento, parcerias públicas e privadas foram incentivadas e buscou-se a co-gestão descentralizada. Se evoluiu para práticas de responsabilidade e sustentabilidade sócio-econômico-ambiental, e se abriu um mercado “verde” de novas oportunidades comerciais e profissionais. Proliferaram publicações, conferências, fóruns, com larga ocupação de espaços na mídia.
Muitos foram os avanços, mas perduram flagrantes a serem resolvidos, como, a questão da abrangência das áreas de proteção ambiental, dos poços tubulares profundos, das relações entre os diferentes órgãos de gestão, da visão impositiva, das ocupações urbanas não planejadas e, entre outros, do maior problema que nos aflige: o tratamento dos esgotos domésticos. Apenas 13,6% do que é gerado em nosso Estado é resolutivamente tratado.
Com seu jeito sempre inquieto e salutarmente desafiador, Lutzenberger nos perguntaria hoje, no dia do seu oitavo ano de falecimento: e o ganho ambiental? Valeu a pena? Com certeza está valendo. Lembro que anos atrás, foi formado o coral da FEPAM/SEMA. A maestrina, na época, Maria Elisa, numa das apresentações assim se manifestou: “Não sei se vamos agradar a todos. Mas o nosso maior conforto, como resultado de nosso trabalho, vem das águas que não foram poluídas, dos animais que não foram maltratados, das plantas preservadas, do ar purificado, do solo mais fértil, e das pessoas que tiveram tudo isso a disposição”.
Há oito anos Lutzenberger, envolto num lençol, retornou a mãe terra e nos deixou um legado de alerta, conscientização e busca de efetivas soluções ambientais. Obrigado Lutzenberger, um gaúcho universal. A natureza bate palmas.
* Géologo e assessor do gabinete da governadora
Artigo publicado no Jornal Diário Regional de Santa Cruz do Sul em 15/05/2010
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