O Rio Grande do Sul é um dos estados onde ocorreu a maior devastação das matas nativas, em todo o país. Praticamente não existem mais florestas virgens no Estado. Mas, se existir alguma área, ela certamente se localizará no Parque Florestal Estadual do Turvo, no município de Derrubadas. Trata-se de um dos mais importantes paraísos ecológicos gaúchos, último reduto de animais raros como a onça pintada e a anta (veja, na foto acima, uma onça na principal via de acesso ao Salto do Yucumã (veja fotos), no que poderíamos considerar o fundo do parque, na fronteira com a Argentina).
Nesse parque, com 17.491,40 hectares, estão algumas das matas mais altas do Estado, com árvores de até 30 a 40 metros, últimos exemplares da densa floresta do Alto Uruguai, uma formação com características semelhantes às do Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná.
São muito comuns espécies de grande porte como a grápia, canafístula, cedro e angico, entre outras que se encontram num equilíbrio quase perfeito com a vegetação secundária e rasteira.
Essa mata é uma das mais ricas em espécies vegetais, tendo sido contadas 727 num levantamento de pesquisadores do Departamento de Botânica da UFRGS. Falta agora complementar estudos acerca da interdependência que há entre elas, para que possa se saber como é que opera um ecossistema desse porte.
Recursos internacionais apoiaram estudos
Informações importantes surgiram de um estudo conduzido pelo Departamento de Recursos Naturais Renováveis da Secretaria de Agricultura do Estado. Em apenas um hectare foram encontradas 88 espécies florestais, entre árvores e arbustos, com 566 "indivíduos arbóreos", segundo a definição dos técnicos.
Outro estudo importante realizado nos últimos anos no Parque Estadual do Turvo contou com o apoio da World Wildlife Fundation, dos Estados Unidos, e apresentou informações importantes acerca da cadeia alimentar dos animais. De acordo com o que se verificou, de um modo geral os animais mais apreciados pelas onças são vegetarianos. É o caso da cutia, que come frutos e raízes; da capivara, que se alimenta da grama boiadeira e de outros vegetais aquáticos; do veado, que come plantas diversas; e do porco-do-mato, que come tudo o que cai no chão, de larvas a sementes e frutos.
Embora seja uma floresta densa, no Turvo também existem os chamados campestres, banhados, lagoas (são cerca de 15) e, nos três quilômetros de rio Uruguai na divisa com Santa Catarina (o parque fica no extremo noroeste do Rio Grande, abrangendo áreas da divisa com Santa Catarina e da fronteira com a Argentina) e nos outros 42 quilômetros da fronteira com a Argentina, há até mesmo cinco corredeiras.
Dentro do Parque, o Salto do Yucumã – que em língua indígena significa Grande Roncador – é o maior salto longitudinal do mundo, com 1,8 quilômetro de extensão. O canal, no leito do rio, possui uma largura máxima de 30 metros e uma profundidade de 120 metros. A queda chega a ter 12 metros de altura nos períodos em que não há cheia no rio. Apesar de estar em solo argentino, são os brasileiros que têm o melhor ângulo para contemplar as quedas d’água. Entretanto, passeios de bote pelo leito do rio saem apenas do país vizinho. Os banhistas devem procurar a parte mais larga e rasa do rio, pois junto às quedas a correnteza é forte e perigosa.
Primeiro parque do Estado
O Parque Florestal Estadual do Turvo é administrado pela Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul. Foi o primeiro parque criado no Rio Grande do Sul, em março de 1947, e também está entre os mais estudados por diversas universidades do Estado.
O jaguar, chamado na região de onça e até de pantera, é um de seus personagens mais raros. Alimenta-se de animais menores, mudando-os de acordo com a sua ocorrência. Quando um escasseia, passa a predar o outro. Gosta muito do porco do mato, mas também tem uma certa preferência pelo tapeti, parecido com uma lebre.
Num Estado onde restaram muito poucas matas, parece impossível que tenham sobrado jaguares, livres para caçarem seus porcos do mato ou tapetis, mas ainda ficaram alguns exemplares, talvez até dez ou um pouco mais, protegidos graças à vasta área do parque.
Com a suçuarana (um puma) e a anta, esses jaguares (foto no alto da página) detêm uma marca lamentada pelos defensores do meio ambiente: não existem em nenhum outro lugar do Estado, na quantidade necessária para assegurar-se a sua preservação.
Capivaras, veados de diversas classificações, lontras, gatos do mato, jaguatiricas, graxains, bugios, entre outros animais, estão entre os mamíferos, enquanto alguns tipos de tucanos, periquitos, macucos, o urubu-rei, a jacutinga, a arara maracanã, destacam-se entre as aves.
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